Total de visualizações de página

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

NÃO ME DEIXES! Por Gonçalves Dias


NÃO ME DEIXES! 
Por Gonçalves Dias
.
Debruçada nas águas dum regato
A flor dizia em vão
À corrente, onde bela se mirava... 
"Ai, não me deixes, não!"
.
"Comigo fica ou leva-me contigo
Dos mares à amplidão: 
Límpido ou turvo, te amarei constante; 
Mas não me deixes, não!"
.
E a corrente passava; novas águas
Apos as outras vão; 
E a flor sempre a dizer curva na fonte: 
"Ai, não me deixes, não!"
.
E das águas que fogem incessantes 
À eterna sucessão
Dizia sempre a flor, e sempre embalde
"Ai, não me deixes, não!"
.
Por fim desfalecida e a cor murchada, 
Quase a lamber o chão, 
Buscava ainda a corrente por dizer-lhe
Que não a deixasse, não. 
.
A corrente impiedosa a flor enleia, 
Leva-a do seu torrão; 
A afundar-se dizia a pobrezinha: 
" Não me deixaste, não!"

BREVE BIOGRAFIA 
Antonio Gonçalves Dias, poeta brasileiro, nasceu em Caxias, Maranhão a 10 de Agosto de 1823, e faleceu a 3 de Novembro de 1864 no naufrágio do Ville de Boulogne. Escreveu: Primeiros Contos, 1846; Segundos Contos e Sextilhas de Frei Antão, 1848; Os Timbiras, 1848; Últimos Contos, 1850; Leonor de Mendonça (drama); Boabdil (drama), 1865; etc. 
Nicéas Romeo Zanchett 
.
LEIA TAMBÉM >>> GOTAS DE CULTURA UNIVERSAL


Nenhum comentário:

Postar um comentário