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domingo, 18 de dezembro de 2016

O NATAL - Por Almeida Garrett


O NATAL 
O César disse do alto do seu trono: 
"Pereça a liberdade!
Quero contar os homens que há na terra, 
Que é minha a humanidade." 
E, cabeça a cabeça, como rezes, 
As gentes são contadas.
 Proconsulares e reis fazem resenha
Das escravas manadas, 
Para mandar a seu senhor de todos 
Que, um pé na Águia romana, 
Com outro oprime o mundo. A isto chegará
A vil progênie humana. 
E era noite de Belém, cidade ilustre 
Da vencida Judeia, 
Que a domada cabeça já não cinge 
Com a palma idumeia: 
Dos aflitos e pobres peregrinos 
Cansados vem chegando
Aos tristes muros, a cumprir do César  
O imperioso bando...
Tarde chegaram: já não há pousadas. 
Que importa que eles venham 
Da estirpe de Jessé, e o sangue régio 
Em suas veias tenham? 
Na geral servidão só uma avulta
Distinção - a riqueza; 
Na corrupção geral só uma avilta
Degradação - pobreza. 
Os filhos de David foram coitar-se 
No presépio entre o gado, 
E dos animais brutos receberam 
Amparo e agasalho. 
E ali nasceu Jesus. Ali a eterna, 
Imensa majestade
Apareceu no mundo - ali começa 
A nova liberdade! 
Pesquisa e postagem: Nicéas Romeo Zanchett  


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